Não obstante o recente progresso no diagnóstico, avaliação e tratamento, a dor irruptiva continua a ser um desafio para doentes e profissionais de saúde. As abordagens terapêuticas diferem entre países, devido à falta de recomendações internacionais uniformes. Consequentemente, a dor irruptiva é subestimada e cerca de 50% dos doentes não recebem tratamento adequado, o que afeta a sua qualidade de vida1.
Tradicionalmente, os analgésicos opioides têm sido usados como medicação de resgate na dor irruptiva. Porém, a farmacocinética dos opioides orais utilizados como medicação regular para controlo da dor basal não mimetiza o padrão característico de um episódio de dor irruptiva. Assim, os opioides de ação rápida, especificamente as formulações de fentanilo, são o padrão de tratamento atual da dor irruptiva, devido à sua rapidez de ação, elevada eficácia e boa tolerabilidade. Contudo, é fundamental selecionar a formulação de fentanilo mais apropriada ao doente, bem como proceder à titulação da dose1.
O algoritmo que se segue baseia-se nas recomendações de consenso de um grupo interdisciplinar de peritos espanhóis para o controlo da dor irruptiva, em termos de diagnóstico, tratamento e monitorização, com base na sua experiência clínica e na evidência científica atual, e pretende constituir uma ferramenta de apoio à prática clínica diária1.